FABACEAE

Senegalia mikanii (Benth.) Seigler & Ebinger

EN

EOO:

2.280,724 Km2

AOO:

28,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Endêmica do estado do Rio de Janeiro, ocorrendo nos municípios de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Maricá e Rio de Janeiro, em altitudes de 20 a 42 m (Barros, 2011; Barros e Morim, 2014).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2017
Avaliador: Lucas Moulton
Revisor: Raquel Negrão
Critério: B1ab(i,ii,iii,iv)+2ab(i,ii,iii,iv)
Categoria: EN
Justificativa:

Arbusto ou liana endêmica do estado do Rio de Janeiro, ocorrendo nos municípios de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Maricá e Rio de Janeiro, principalmente em formações de Restinga (Barros, 2011; Barros e Morim, 2014). Apresenta EOO=1998 km² e AOO=28 km², e sua população encontra-se severamente fragmentada. A principal ameaça para essa espécie está relacionada a empreendimentos imobiliários que afetam as formações de restingas na área específica onde a espécie foi registrada no município de Armação dos Búzios (Pereira et al., 2011) e na Região dos Lagos como um todo (Dantas et al., 2001). A região do Pico do Alto Mourão, onde a espécie foi coletada no município de Maricá, e que integra a Serra da Tiririca, foi alvo de um empreendimento imobiliário que impulsionou a criação do PE da Serra da Tiririca e, mesmo assim, até hoje sofre pressão da expansão urbana (Barros, 2008). Além disso, no PE da Serra da Tiririca, há relatos de incêndios florestais, invasão de espécies exóticas e turismo desordenado (Barros, 2008). No PNM da Prainha, localidade de ocorrência da espécie no município do Rio de Janeiro, o turismo também é considerado um distúrbio para a vegetação nativa (Rinaldi, 2005). Considerando esse conjunto de ameaças, estima-se que a espécie esteja sofrendo declínio contínuo da EOO, AOO, qualidade do hábitat e no número de subpopulações.

Último avistamento: 2004
Quantidade de locations: 3
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Phytologia 88(1): 59. 2006. Acacia mikanii Benth., Trans. L. Soc. Lond. 30(3): 526. 1875. A espécie apresenta grande similaridade com S. miersii, conforme relatado nos comentários daquela espécie, diferenciando-se pela forma dos folióluos, pelo fruto do tipo folículo e sementes marginadas e planas (Barros, 2011).

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: liana, bush
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Restinga, Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial)
Fitofisionomia: Vegetação de Restinga, Área de Formações Pioneiras, Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest
Detalhes: Arbusto escandente ou liana, terrícola, ocorre principalmente em florestas de Restinga (Barros, 2011; Barros e Morim 2014).
Referências:
  1. Barros M.J.F. Senegalia Raf. (Leguminosae, Mimosoideae) do Domínio Atlântico, Brasil. taxonomia. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro, RJ: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Escola Nacional de Botânica Tropical, 2011.
  2. Barros, M.J.F., Morim, M.P. 2014. Senegalia (Leguminosae, Mimosoideae) from the Atlantic Domain, Brazil. Systematic Botany, 39(2):452-477.

Reprodução:

Fenologia: flowering (Nov~undefined), fruiting (undefined~Jun)

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.1 Ecosystem conversion 1.1 Housing & urban areas locality,habitat,occurrence present,future,past regional very high
Mesmo inserida na APA do Pau Brasil, a região no entorno de José Gonçalves e Caravelas, localidades onde a espécie foi coletada, é muito visada por empreendimentos de resort. Na praia de Tucuns, vizinha a José Gonçalves, o resort SuperClubs Breezes Búzios, em faze de conclusão, representa uma perda de 7,88 ha de formações naturais de dunas (Pereira et al., 2011). Na Praia do Peró, vizinha a Caravelas, o projeto do mega-resort Reserva do Peró, conta com 450 ha de área, representando um impacto direto às formações naturais de dunas e à vegetação de restinga associada, o que significaria uma perda do maior remanescente desse ecossistema no estado (Pereira et al., 2011). A intensa expansão imobiliária, propulsionada pelo turismo de veraneio na Região dos Lagos, acarreta em fortes impactos ambientais da vegetação natural da região, diversos loteamentos indiscriminados causam consideráveis danos ambientais, que, além de destruírem a vegetação de Restinga, promovem a contaminação das lagunas costeiras e do lençol freático. Somado a isso, ainda, a ocupação de antigas salinas para empreendimentos imobiliários e a exploração de areia para a construção civil exercem forte pressão em uma região de delicado equilíbrio ecológico (Dantas et al., 2001). O Pico do Alto Moirão, em Itaipuaçu (Maricá), outra localidade onde a espécie foi encontrada, também encontra-se em uma área visada pela especulação imobiliária. Em 1989 a empresa Ubá Imobiliária desmatou e tentou lotear a área conhecida como Córrego dos Colibris. A ação foi denunciada à Prefeitura pelos moradores e biólogos pesquisadores, impulsionando a criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca. O intenso crescimento urbano nos dois municípios de ocorrência do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Niterói e Maricá) e a falta de políticas públicas engajadas com a conservação da região são alguns dos mais graves problemas enfrentados por esta Unidade de Conservação (Barros, 2008).
Referências:
  1. Pereira, T.G., Oliveira Filho, S.R. de, Corrêa, W.B., Fernandez, G.B., 2011. DIVERSIDADE DUNAR ENTRE CABO FRIO E O CABO BÚZIOS – RJ. Rev. Geogr. 27, 277–290.
  2. Barros, A.A.M. de, 2008. ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI E MARICÁ, RJ, BRASIL. Escola Nacional de Botânica Tropical.
  3. Dantas, M.E., Shinzato, E., Medina, A.I.M., Silva, C.R., Pimentel, J., Lumbreras, J.F., Calderano, S.B., Carvalho Filho, A., 2001. Diagnóstico geoambiental do estado do Rio de Janeiro. CPRM, Brasília.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2 Species stresses 7.1.1 Increase in fire frequency/intensity habitat,locality,occurrence past,future regional high
O fogo também é um problema comum nos afloramentos rochosos do Parque Estadual da Serra da Tiririca (Barros, 2008).
Referências:
  1. Barros, A.A.M. de, 2008. ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI E MARICÁ, RJ, BRASIL. Escola Nacional de Botânica Tropical.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2 Species stresses 1.3 Tourism & recreation areas habitat,occurrence present regional medium
O turismo ocorrente no interior e arredores do Parque Estadual da Serra da Tiririca é realizado de maneira desordenada e com carência de fiscalização (Barros, 2008). A abertura de trilhas para acesso de turistas no Parque Natural Municipal da Prainha exerce pressão antrópica sobre a vegetação (Rinaldi, 2005).
Referências:
  1. Barros, A.A.M. de, 2008. ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI E MARICÁ, RJ, BRASIL. Escola Nacional de Botânica Tropical.
  2. Rinaldi, R.R.P. 2005. Avaliação da efetividade de manejo em seis unidades de conservação do município do Rio de Janeiro, RJ.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2.3.2 Competition 8.1 Invasive non-native/alien species/diseases habitat,occurrence present,past regional medium
A invasão de espécies exóticas é um problema existente no Parque Estadual da Serra da Tiririca (Barros, 2008).
Referências:
  1. Barros, A.A.M. de, 2008. ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURAL DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA, NITERÓI E MARICÁ, RJ, BRASIL. Escola Nacional de Botânica Tropical.

Ações de conservação (1):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Coletada no Parque Natural Municipal da Prainha (J.M.A. Braga 7439), no Pico do Alto Moirão (R.H.P. Andreata 616), que está inserido no PE da Serra da Tiririca, e perto das praias de José Gonçalves (P.R. do C. Farág 380) e Caravelas (H.C. de Lima 5417), área contida na APA do Pau Brasil.